A IA Verde desponta como uma das mais promissoras áreas de inovação tecnológica e sustentabilidade, com impacto direto no futuro dos negócios globais.
O Brasil, com sua matriz energética majoritariamente renovável e um potencial de excedente elétrico de 150% até 2028, está posicionado como um destino atrativo para empresas que buscam alinhar inovação tecnológica com responsabilidade ambiental.
Porém, desafios regulatórios, como os impostos pelo Projeto de Lei 2338/2023, apresentam dilemas entre o desenvolvimento de IA e a governança ética.
Neste artigo, exploramos como o Brasil pode liderar o cenário global de IA Verde, destacamos oportunidades para investidores e analisamos os impactos regulatórios que podem moldar o futuro da inteligência artificial no país.
Boa leitura!
A expressão “IA Verde” refere-se ao desenvolvimento e uso de tecnologias de inteligência artificial (IA) de forma sustentável, com foco na redução do impacto ambiental.
Com o aumento exponencial no consumo de energia para treinar e operar modelos de IA, especialmente na fase de inferência, a preocupação com fontes de energia renovável tornou-se central.
O Relatório 2024 da Agência Internacional de Energia (IEA) projeta que tecnologias como datacenters, criptomoedas e IA consumirão entre 620 e 1.050 TWh até 2026.
Esse crescimento demanda estratégias inovadoras para mitigar a dependência de fontes não renováveis.
Com uma matriz energética composta por mais de 80% de fontes renováveis, o Brasil surge como um local estratégico para empresas que desejam operar com sustentabilidade.
Fontes como energia hidrelétrica, eólica, solar e biomassa não apenas atendem à demanda atual, mas também prometem excedê-la em 150% até 2028.
Essa vantagem coloca o Brasil na posição de atrair datacenters e iniciativas de IA de grandes players globais, alinhando inovação com práticas ambientais responsáveis.
O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) prevê um programa específico para sustentabilidade, destacando a importância de infraestrutura energética eficiente para suportar datacenters e outras aplicações de IA.
Essa política reflete o compromisso do país com o avanço da IA Verde.
O Projeto de Lei 2338/2023 busca regulamentar o uso ético e responsável da IA no Brasil.
Entre os pontos positivos, destaca-se o Artigo 2º, que promove diversidade e representatividade, e o Artigo 20, que propõe uma governança robusta para sistemas de alto risco, incluindo medidas para mitigação de vieses e maior transparência.
No entanto, o PL também apresenta desafios que podem dificultar o desenvolvimento da IA no país.
A falta de clareza sobre responsabilidades regulatórias e as exigências relacionadas ao uso de dados, por exemplo, podem limitar a flexibilidade necessária para inovação.
Um caso emblemático no Brasil envolve a Meta e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
Inicialmente, a ANPD suspendeu o uso de dados pessoais pela empresa, citando violações à LGPD.
Após implementar um plano de conformidade, incluindo salvaguardas de transparência, a Meta conseguiu retomar suas operações, mostrando como ajustes regulatórios podem ser uma ponte entre ética e inovação
O caso do Reddit exemplifica um modelo de negócios em que dados são comercializados para treinar sistemas de IA de empresas como OpenAI e Google.
Isso levanta discussões importantes sobre privacidade, direitos de usuários e governança, tópicos que precisam ser considerados em regulamentações como o PL 2338/2023.
O maior desafio do PL 2338/2023 é equilibrar regulação e inovação.
Enquanto regulações robustas garantem ética e proteção de direitos fundamentais, elas podem dificultar o acesso a dados em larga escala, um elemento essencial para o desenvolvimento de tecnologias avançadas de IA.
No contexto da IA, atender solicitações individuais de correção de dados pode comprometer a eficiência de modelos, priorizando demandas específicas em detrimento do benefício coletivo.
Assim, o debate sobre o PL precisa incluir a participação ativa de empresários, startups e desenvolvedores, para moldar um ambiente regulatório que promova tanto a proteção quanto o progresso.
O Brasil tem uma oportunidade única de liderar o cenário global de IA Verde, graças à sua matriz energética renovável e ao PBIA.
No entanto, é necessário que o país supere os desafios impostos pelo PL 2338/2023, equilibrando inovação e regulação.
Com políticas claras, infraestrutura adequada e engajamento de todos os atores do setor, o Brasil pode se tornar um modelo de como unir tecnologia e sustentabilidade no desenvolvimento da inteligência artificial.
Artigo baseado em conteúdo de nosso associado Alan Camilo