Search Funds: uma nova via para empreendedores e investidores no Brasil

Search Funds são veículos de investimento onde empreendedores (searchers) levantam capital para adquirir e gerenciar empresas estabelecidas com potencial de crescimento.

Search Funds: uma nova via para empreendedores e investidores no Brasil

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17/06/2025

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5 minutos de leitura

Search Funds são veículos de investimento onde empreendedores (searchers) levantam capital para adquirir e gerenciar empresas estabelecidas com potencial de crescimento.

No universo dos investimentos, a diversificação é regra. E embora modelos como venture capital e investimento anjo já sejam bem conhecidos, os Search Funds vêm ganhando cada vez mais espaço no Brasil — e por bons motivos.

Se você ainda não ouviu falar ou quer entender melhor como esse modelo funciona na prática, este texto é pra você.

A seguir, vamos te explicar o que são os Search Funds, como funcionam, e por que eles podem ser uma excelente oportunidade para quem quer investir ou empreender com base sólida.

O que são Search Funds?

Os Search Funds (ou Fundos de Busca) surgiram nas universidades de Stanford e Harvard nos anos 80 e chegaram ao Brasil por volta de 2015, com a TAQIA Capital.

Eles funcionam assim: um empreendedor, o searcher, levanta capital junto a investidores para encontrar e comprar uma empresa de pequeno ou médio porte que já esteja operando com lucro.

A ideia é assumir a gestão como CEO, profissionalizar a empresa e gerar valor para todos os envolvidos.

Diferente do venture capital (que investe em startups em fase inicial) ou do private equity (mais voltado a grandes empresas), os Search Funds focam em PMEs lucrativas que precisam de liderança e inovação para crescer.

É uma forma de empreender com menos risco do que começar algo do zero.

O momento dos Search Funds no Brasil

2022 marcou um recorde: 29 novos Search Funds iniciaram captação no Brasil, o equivalente à soma dos três anos anteriores.

Boa parte do capital vem de fora: cerca de 60% dos investimentos são estrangeiros.

Esse crescimento mostra que o mercado está amadurecendo e que há um espaço real para esse modelo, especialmente diante de um número alto de PMEs com desafios de sucessão.

Como funciona o modelo de Search Fund

O processo acontece em quatro fases:

1. Fase de busca

O searcher capta de R$ 1,5 mi a R$ 2 mi com investidores para financiar a busca por uma empresa-alvo, o que pode levar de 18 a 24 meses.

Durante esse tempo, ele cobre salários, viagens, consultorias e outras despesas.

Os investidores garantem o direito de participar da compra futura da empresa. O foco são empresas com:

  1. Caixa positivo
  2. Margem EBITDA saudável
  3. Baixo risco de disrupção
  4. Sem sucessão definida
  5. Receita anual acima de R$ 8-9 mi

2. Fase de aquisição

Após encontrar a empresa, os investidores (e possíveis novos parceiros) financiam a compra.

Parte do pagamento costuma ser parcelada, com base no próprio caixa da empresa.

3. Fase operacional

Aqui, o searcher assume como CEO. Um conselho com os principais investidores é formado para apoiar na gestão.

O foco é profissionalizar, escalar e criar valor.

4. Fase de saída

Depois de alguns anos (geralmente entre 6 e 10), a empresa é vendida, seja para um Private Equity, um player estratégico ou via nova rodada.

O objetivo é gerar retorno para todos.

Por que investir em Search Funds?

Potencial de retorno

Empresas com caixa, clientes e lucro já existem.

A gestão ativa permite aumentar ainda mais o valor, como mostra o caso da Kanoa Capital, que busca retornos mínimos de 40% ao ano.

Diversificação

Investir em PMEs com boas métricas, mas fora do radar de VCs, é uma forma inteligente de diversificar sem apostar tudo em startups.

Alinhamento de interesses

O sucesso do searcher depende do sucesso da empresa.

Isso garante que todos estejam na mesma direção.

Menos risco que startups

Ao contrário de uma ideia em fase inicial, aqui o risco é mais gerenciável.

Empresas já têm receita e produto validados.

Talento de ponta

Os searchers têm perfis de alto nível, muitos com MBAs, passagem por consultorias ou startups.

E esse talento faz diferença.

Timing favorável

Com cada vez mais searchers qualificados e empresas disponíveis, falta apenas mais capital para destravar o potencial do mercado.

Search Funds vs Investimento Anjo

Investimento Anjo

Embora ambos os modelos tenham como objetivo apoiar e impulsionar empresas, suas abordagens e perfis de risco são bastante distintos.

O investimento anjo costuma ser direcionado a startups em estágio inicial, muitas vezes ainda em fase de validação de produto ou modelo de negócio.

Isso implica um risco mais elevado, mas com potencial de retorno exponencial, especialmente se a startup for bem-sucedida.

Nessa modalidade, o envolvimento do investidor costuma ser direto, oferecendo o que se chama de smart money: além do capital, ele contribui com experiência, rede de contatos e mentoria.

Por outro lado, a liquidez tende a ser baixa e o horizonte de retorno, mais incerto e prolongado.

Search Funds

Já os Search Funds investem em PMEs já estabelecidas, com receita e margem EBITDA consistentes.

O risco aqui é moderado, pois são empresas com produto validado e clientela ativa. O retorno ainda é atrativo e mais previsível do que em startups.

O papel dos investidores é mais estratégico: participam de conselhos e ajudam no direcionamento, mas com menor envolvimento operacional.

A liquidez é geralmente maior, já que o ciclo de vida do investimento costuma ser bem definido.

Ambos têm seu lugar numa carteira diversificada: enquanto o investimento anjo oferece a chance de multiplicar capital com ideias disruptivas, os Search Funds trazem solidez e previsibilidade ao apostar em empresas que já provaram seu valor.

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