O investidor líder é a pessoa responsável pelos processos de uma rodada de investimento dentro de um grupo de investidores-anjo. Descubra mais sobre o investidor líder com a leitura do artigo
Se você já participou de uma rodada de investimento ou tem interesse no processo deve saber que entre a decisão de realizar um aporte até o momento do cheque entrar para a empresa aportada existem várias etapas.
Relatórios, conversas, due diligence, reuniões de acompanhamento… O processo é longo e complexo e por isso que, em um contexto de um grupo de investidores anjo – como o GVAngels, por exemplo – , é importante a presença de uma pessoa responsável por garantir que todas as etapas do aporte estejam funcionando da melhor forma – e alinhadas com os objetivos da empresa investida.
E essa pessoa é o investidor líder.
Nesse artigo iremos explorar com mais detalhes qual o papel e importância de um investidor líder. Além disso, traremos uma entrevista com três membros da comunidade GVAngels que já atuaram como investidores líderes em alguma rodada de investimento do grupo.
O que é um investidor líder
O investidor líder é a pessoa responsável por liderar o processo de investimento internamente, gerenciando e coordenando todas as etapas que envolvem um aporte financeiro realizado pelo grupo de investidores.
Ele é a pessoa que estará totalmente envolvida no investimento e irá alinhar tudo o que for necessário com os outros investidores do grupo e também com a startup, ou empresa, que está recebendo o aporte.
Como assumir o papel de investidor líder do grupo demanda tempo, esforço e muita dedicação por parte do investidor, em caso de sucesso no investimento, a pessoa que assume esse papel recebe uma compensação financeira – também conhecida como carry.
Investidor líder vs líder da rodada
É importante salientar a diferença entre o investidor líder e o líder da rodada.
Uma prática muito comum que acontece em uma rodada de investimentos é a participação de dois ou mais fundos de investimentos, grupos anjos ou outras instituições financeiras. Essa prática é conhecida como coinvestimento.
Nesse contexto, a instituição que aporta o maior cheque e conduz as negociações e coordenação de toda a rodada diretamente com a startup leva o título de líder da rodada.
Já o investidor líder é um membro interno do grupo, no caso do GVAngels, que fica responsável por conduzir a rodada em nome do grupo.
Papel de um investidor líder
Como visto anteriormente, podemos afirmar que o investidor líder é a pessoa responsável por mediar as necessidades da startup com as expectativas do grupo de investidores.
Para isso, o investidor líder precisa realizar algumas etapas, veja alguns exemplos:
- Realizar um relatório business case: uma análise aprofundada das métricas e resultados obtidos pela startup;
- Liderar o processo de due-diligence;
- Realizar conversas com os stakeholders sobre a startup;
- Realizar reuniões com os investidores da rodada e a startups, com o intuito de tirar dúvidas e esclarecer qualquer ponto em aberto;
- Acompanhar o processo jurídico, assim como a assinatura do contrato e o próprio aporte;
- Acompanhar a startup pós investimento;
- Entre outros.
Conversa com investidores líderes GVAngels
Com o intuito de reforçar sobre o que faz um investidor líder e quais os possíveis aprendizados que todo esse processo pode oferecer ao investidor que se propõe a assumir esse papel, nós do GVAngels conversamos com três membros do grupo que já participaram do processo.
São eles:
- Andréa Diniz, investidora anjo e CEO na Andrea Diniz Consulting. Atuou como investidora líder na rodada de investimento da Genius Returns e da Tarvos.
- Aline Rosa Nasser, investidora anjo com vasta experiência no mercado imobiliário e setor financeiro. Atuou como investidora líder na rodada de investimento da 123 Projetei
- Fabiano Grottoli, investidor anjo e partner na Greeners. Atuou como investidor líder na rodada de investimento da Axxes Saúde.
Veja a seguir como foi a experiência deles atuando como investidores líderes com o grupo de investidores anjos GVAngels.
Quais foram as motivações para liderar um investimento?
Andrea Diniz: Acelerar o aprendizado das diferenças e similaridades de diligências feitas em startups vs negócios tradicionais e ajudar o grupo de investidores que precisava de líderes.
Fabiano Grottoli: Eu tinha a vontade de aprender mais sobre o processo de due diligence, assim como entender mais sobre os conceitos e termos do processo de investimento anjo. Imaginei que a melhor maneira de acelerar a obtenção de conhecimento seria “sujando a mão” assumindo uma liderança.
Aline Nasser: Um dos principais motivos que me fizeram candidatar à liderança da 123 Projetei, foi pelo estímulo e incentivo do Wlado Teixeira – diretor executivo do GVAngels – e pela empresa ser do meu ramo de atuação, mercado imobiliário, por isso eu teria o know-how necessário, assim como a segurança, de gerenciar o deal.
Como conciliar a liderança com atividades pessoais e profissionais?
Andrea Diniz: Organizei um checklist para entender os passos chave, a carga horária necessária e como isso fluiria – com este planejamento ficou mais fácil conciliar com minhas atividades profissionais e familiares.
Fabiano Grottoli: Esse ponto foi relativamente tranquilo para mim, pois o investimento aconteceu durante a pandemia e durante um período de transição profissional meu onde pude conciliar as duas atividades sem muitos conflitos de agenda.
Aline Nasser: O fato de as reuniões serem todas online ajudou muito. Isso otimizou muito o tempo. Além disso, eu senti que foi útil conhecer o processo de investimento antes de liderar. Por eu já ter investido em startups, eu já conhecia o processo razoavelmente bem.
Principais Red Flags e como contorná-las
Andrea Diniz: As que aprendi serem chave são:
- feedback de outros interessados na rodada sobre os fundadores,
- taxa de crescimento do negócio vs cash burn,
- roadmap para tração e inovação, diligência jurídica e contábil (processos, certidões negativas, etc).
Além disso, as entrevistas e discussões do grupo de investidores interessados com os fundadores ajudam a analisar se são pontos contornáveis.
Fabiano Grottoli: Os principais Red Flags que encontrei durante a liderança foram:
- Manter um alto nível de engajamento do grupo do GVA em relação à rodada e atender a diferentes demandas por informações;
- Alinhar interesses e expectativas do GVA junto aos coinvestidores da rodada;
- Estrutura jurídica: eu mal sabia o que era um contrato de mútuo, portanto foi fundamental o suporte do Gustavo Alvoreda nesse processo.
Aline Nasser: Como líder eu tento buscar uma solução para quaisquer problemas que surgem e, assim, apresentar ao grupo a melhor solução possível. Dessa forma, os investidores da rodada podem decidir em conjunto a melhor solução possível, ao invés de estimular debates longos e improdutivos.
Negociação das condições do deal: Quais os momentos para ceder, renegociar, exigir, etc?
Andrea Diniz: Tendo o princípio de garantir a melhor performance da startup e um eventual exit e levando em consideração risco assumido pelos investidores, aprendi que as demais cláusulas podem ser avaliadas considerando que a startup tenha real potencial e justificativas plausíveis para não ceder nos pontos da minuta padrão GVAngels. A validação e apoio dos investidores é chave em cada negociação.
Fabiano Grottoli: Esse foi talvez o meu maior desafio. Nesse ponto foi fundamental o suporte e mentoria do Wlado Teixeira, William Cordeiro, assim como de alguns membros interessados no deal.
Aline Nasser: Eu sinto que nós, investidores anjo, devemos ser facilitadores para a startup atingir seus objetivos, crescimento de receitas etc. Entretanto, é importante deixar o advogado GVA colocar em contrato as cláusulas necessárias e já corriqueiras de estágio pre-seed.
Acredito que se você criar um ambiente ganha-ganha para investidores e startup é bem mais saudável do que ver as negociações só pelo lado de investidor.
Quais foram os principais aprendizados sendo um investidor líder?
Andrea Diniz: Os principais que vivenciei:
- Alinhar as expectativas chave com o grupo, os fundadores e com os demais parceiros da rodada pode evitar muita energia e tempo dedicados no fechamento dos contratos que apoiam o deal;
- As entrevistas 360º e as discussões em grupo ajudam muito a solidificar a recomendação de seguir ou não com o investimento;
- Consultar os mestres super experientes em questões mais complexas traz luz e opções para os líderes!
Fabiano Grottoli: Meus principais aprendizados foram:
- Negociação e alinhamento de expectativas não apenas internamente mas principalmente na negociação com demais investidores de fora do GVA é fundamental, pois cada membro traz backgrounds e perspectivas diferentes e nem sempre é possível atender a tudo
- Aprender a realizar a due diligence propriamente dita, principalmente em tópicos que eu possuia pouco domínio: financeiro, TI, jurídico
Aline Nasser: Alguns dos meus aprendizados foram:
- É um ramo de atuação apaixonante.
- Os founders e suas ideias são realmente boas\inovadoras para resolver questões necessárias para a sociedade.